quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

(neblina)

Contive-me para não te escrever. Mesmo querendo saber como estás, se descansaste o suficiente durante a noite e do cansaço acumulado do stress desse teu dia-a-dia. Escrever é tudo o que consigo. Não tenho voz e apesar de levemente solto, o nó que tinha no peito alojou-se na garganta impedindo-me de gritar. Controlo as lágrimas que estupidamente, escolhem-me pelo rosto quando questionada se está tudo bem. Mas não quando falam de ti. Ao falar de ti finjo uma frieza que não tenho, visto a capa dura de quem sabe lidar com o meta verso onde agora estamos. A viver o mesmo dia mas em espaços diferentes. O dia é mais vazio. O telemóvel não notifica a tua presença, aquela em que mesmo em longos períodos de ausência eu apaziguava a saudade. Saudade ao lembrar dos abraços, embalados pelo ritmo cardíaco que desacelerava a cada respiração e que embalava os meus sonhos. Pensava eu, ser um caos total, que havia encontrado calmaria nesse mar que és sem saber da braveza das ondas que trazes dentro. Arrisquei-me a mergulhar sem pensar voltar mas trouxeste-me à costa, à terra firme de onde tanto quero sair. Não sei porque oceanos andas ou o que esperas encontrar, mas continuo ancorada perdida na neblina, embalada pelo rebentar das ondas que entoam no vazio que deixaste. 

domingo, 8 de janeiro de 2023

Rascunhos de 2023

De todas as flores do jardim, és a raiz que ficou, para florescer novamente. 

De todas as vezes que foste colhida, de pé-raiz, insististe em ficar. Sem te permitires criar laços. Mas um dia arriscas. E, perdida ao sabor do vento vais. 

Entregaste ao sorriso atrevido, refletido na janela que te separa, daqueles campos verdes, onde na realidade te queres perder - interessante a sensação de reconhecer aquele(s) verde, onde o sol se reflete por entre todas as marcas, de restolho, que já lá não habitam. 

E de todas as flores do jardim, tu te re-plantas e renasces.

Despertas perdida, embalada por entre os verdes do campo, onde a tua raiz a pouco-e-pouco se instala e o teu rosto, que assim como sempre, gira em função do sol, para ver os verdejantes campos em seu redor. 

sábado, 28 de agosto de 2021

Let your little light shine

Estranho como algumas pessoas se conectam assim, num click. E, mesmo que fisicamente seja apelativo, o caráter sobrepôs se a todo esse brilho. 

Não há ponteiros que contabilizem a infinidade de minutos que "perdemos", deitados num tapete, a conversar. A quantidade de vezes que, por entre rostos corados, se sorriu, ou que mesmo em silêncio, era perceptível a vulnerabilidade por de trás de alguns assuntos que, apesar de resolvidos, deixaram (nos) cicatrizes. 

Mas é fácil, assim. Expor (nos) quando, do outro lado, está um reflexo daquilo que idealizamos. 

E desengane-se quem acha que os mapas facilitam a percepção da distância. Há novas aventuras que, terão de ser feitas individualmente mesmo, que na outra extremidade da excitação, exista um sabor agridoce pelo que ficou. 

Mas há corações casa. Então, quando num dia sem rumo, alinha a bússola em direção à costa - e ao farol, que a cada km se ilumina e rasga um sorriso por te ver chegar. 


#little light - Amos Lee

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Yellow flowers

O mais provável é que hoje tenha sido a última vez que visitei esta casa. A tua casa. A casa que me viu crescer e sonhar. A casa donde tão boas recordações guardo e guardarei.

Hoje, ao tirar esta foto, lembro-me das vezes em que andava no meio do jardim, cheio dessas flores amarelas que, até ao presente dia, não lhes achava grande gabarito. De ir colher alecrim ou erva cidreira. De jogar ao mata com o Tiago, e de ir a correr para os teus braços porque ele não controlava a força ou, das discussões infinitas quando lhe roubava os legos e nos davas aqueles ralhetes.

Ir à oficina era recuar a um tempo que não tenho memória, onde fui muito feliz... à se fui! Pensar que o avô tinha construído aquilo tudo... e que era ali, por aquela vidraça partida que ele via, e ria, das fugidas aos ataques da capoeira.
Recordo um pouco mais adiante, das tardes a brincar com os cães. Da avó, sentada ao sol a fazer as suas lãs e do cheiro... ai o cheiro daquele leite com café...

Parece que nada será como antes. 

As telhas caíram, a oficina está abandonada e o jardim idem. As ervas cresceram, os cães também eles partiram e só o vazio do silêncio parece ter ficado. 

Sentei-me uma última vez naquele muro, na expectativa de ouvir a tua voz ao fundo a gritar para que saísse lá de cima. Mas nem isso.
As flores amarelas ainda cá estão. Continuo a não lhes achar piada mas de algum modo, observa-las ao vento, trás um conforto inexplicável... que apazigua a saudade.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Fragmentos de um diário #2

Fui ao diário neste 14 de Fevereiro.

"E assim do nada, ele parece querer surgir. E se para uns é fácil identificar, para mim - uma aluada do pior, confesso que é TÃO... difícil de lidar.
É um misto de sentimentos... "Quais borboletas quais quê, eu sinto o zoo inteiro." E se por um lado não há a pressão dos rótulos a definir o que quer que isto seja, há a incerteza de (talvez) nunca poder saber se ele é mesmo real.

Mas tem sido uma viagem e pêras! E que viagem. E que companhia.
Olhando para trás, cresci tanto. Acho que ele me fez olhar as coisas por outra perspectiva. A querer mais para mim e a fazer mais por mim, para que também tivesse algo melhor para oferecer a outro alguém que O quisesse partilhar comigo.
(...)

Descobri que perdemos tanto em não falarmos o que nos vai na alma. Em dizer aquela treta que te passa pela cabeça quando estás simplesmente a observa-lo, enquanto ele se perde em tarefas sem fim. E tu ali ao lado, a esboçar um sorriso com um ligeiro brilho nos olhos sem te aperceberes de tal. O mesmo acontece quando ele te conta mil-e-um histórias com a alegria de uma criança, e saber que aquilo é uma memória feliz, instantaneamente, deixa-te feliz.(...)


segunda-feira, 15 de agosto de 2016

"you were looking for yourself out there"

"E quando tu não és suficiente? Quando acordas e apercebeste de que o teu eu, não chega. Não se projecta no projecto que sempre pensaste fazer parte?

Crias justificações para tentar entender o porquê de o caminho estar interrompido. De que fizeste escolhas erradas, disseste algo proibido, de que TU não fizeste por mais... de que o problemas está no teu desenho! Que o projecto que tanto idealizaste cooperar, não era para ti, porque não há futuro. Que foste um pilar importante mas que as bases nunca foram firmes para equilibrar toda a estrutura criada e, daí terem cedido." (estava perdido nos rascunhos)

>>

Cansei-me de justificar o porquê de ter ficado pelos rascunhos. De achar que diariamente poderia acrescentar um pouco mais e, de que a pouco-a-pouco, a maquete ganharia vida.

Só que não é assim que funciona. Não chega acrescentar quando não se sabe ao certo o que se quer ver projectado. E é ai que temos de reconhecer que nos perdemos na catrafada de sarrabiscos que não saíram do papel.
Todos aqueles papéis - que marcados pelo lápis e pela força da borracha - trago comigo, passam a fazer parte de um diário gráfico; que diariamente me acompanham nesta nova viagem, por terras de ninguém sem destino algum.

Partimos por diferentes caminhos em busca de inspiração pessoal, de novas perspectivas a fim de criar e, quem sabe, realizar algo novo. Tentando não perder o norte nem a essência que se partilhou.


drops of jupiter - train


Alguém disse: "She never looked nice. She looked like art, and art wasn't supposed to look nice.
It was supposed to make you feel something."





sábado, 21 de maio de 2016

maybe tomorrow

A certeza da incerteza era o que havia de certo.
Barreiras de gelo foram quebradas e - pelo menos por agora, as últimas gargalhadas dadas...
Não sei... Talvez tenha sido uma só bola de neve mas que quando me atingiu, tomei noção das proporções que atingira. Mas não sei. Ainda não sei. Se era uma pequena bola ou uma avalanche.

A certeza põe termo à incerteza.
Mas não sei. Quem disparou em direcção a quem. Se haverá quem tenha puxado o gatilho. Ou se algum alguém, dará o corpo às balas.

O termo da incerteza só trouxe mais incerteza.
E então, talvez amanhã. Talvez amanhã tome certeza daquilo que por ter sido (desde cedo) incerto, achava ser certo. Foi correcto.

"And I don't know what to say, Tomorrow is a different day!"